Portifólio

Zulu de Arrebatá

Anos 60

Entre as décadas de 1940 e 1960, São Miguel Paulista desenvolve-se como um bairro operário com influências culturais das regiões norte e nordeste do país e também de outros continentes, com destaque para as culturas de origem árabe, africana, portuguesa e italiana. É neste cenário que Gilberto Gonçalves da Silva nasce e cresce, filho de uma família já miscigenada: do branco com fenótipo negro de seu Josué, ao indígena com traços ibéricos de dona Luzia, sua mãe.
Pelas mãos do destino, acabou criado e educado por Dona Neci e seu Eurico seus tios, negros e evangélicos. Aprendeu a gostar de cantar na igreja, gostava dos hinos. Era início dos anos sessenta. Apreciava menos a música com espírito de banda marcial da Cristã do Brasil, igreja de sua mãe Neci e seu pai Eurico, mas gostava de acompanhar sua tia Neomisia aos cultos da Assembléia de Deus, onde os músicos tinham uma pegada mais jazzística, que, embora não soubesse ainda discernir a razão, lhe agradava mais aos ouvidos.

Nas idas e vindas de sua adolescência, no convívio mais constante, conheceu pela voz de Dona Luzia, as obras de Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Nelson Gonçalves, Ataulfo Alves, Emilinha Borba, Cauby e tantos outros.

Anos 70

Pouco depois, por amigos chegou à música negra norte-americana, o jazz, o blues, o rithm and blues e o rock and roll. Aos 17 anos, às influências musicais básicas juntou o samba, a bossa-nova e a Soul Music. Era o ano de 1972, e já não era apenas mais o menino Gilberto Gonçalves da Silva, mas também o jovem Zulu, que mais adiante ganharia o sobrenome de Arrebatá.

Suas primeiras incursões na cena cultural acontecem no grupo Caaxió, rebatizado em 1975 com o nome de Matéria Prima, ocasião em que lançam o primeiro disco, cuja música “Maria Gasolina” alcança sucesso nacional. Apresentam-se nos principais programas da TV brasileira da época: Fantástico, o show da vida, da Rede Globo, Almoço com as Estrelas e Clube dos Artistas, na TV Tupi, Clube do Bolinha, na TV Bandeirantes, Raul Gil, na Record, Mulheres em Desfile na TV Gazeta, e muitos outros. Neste mesmo período, os integrantes do grupo tiveram como parceiro a genialidade de Tom Zé e a nordestinidade de Vicente Barreto – que viria a ser o principal parceiro de Alceu Valença.

LP MATÉRIA PRIMA

Ouça as músicas

MPA

(Movimento Popular de Arte)

Em 1977, deixa o grupo Matéria Prima e, no ano seguinte, retorna a cena cultural de São Miguel para fundar, com os velhos parceiros e outros artistas como Sacha, Raberuan, Akira Yamasaki, Severino do Ramo, Cláudio Gomes, o Movimento Popular de Arte, mais conhecido como MPA.

A participação no MPA colaborou de modo decisivo para o amadurecimento musical de Zulu de Arrebatá, que passa também a escrever as próprias canções, intensificando a busca por composições harmonicamente mais elaboradas e abertas às influências musicais dos quatro cantos do mundo. Também desenvolve competências como Produtor, o que contribui para o sucesso do projeto Encontro das Artes, idealizado, dirigido e produzido por ele ao longo de vários anos.

Projeto

(Encontro das Artes)

CD Amor Urbano

Com um estilo peculiar de cantar e uma interpretação intensa, Zulu de Arrebatá, conquistou um público seleto, especialmente entre aqueles que mais do que ouvir uma boa música, apreciam belas e originais melodias criadas para fluírem pelo timbre de sua voz maviosa e elegante, conduzidas com suavidade pelo design singular de harmonias swingadas que fundem as diversas influências sonoras recebidas desde sempre e que atingem grande performance em seu disco “Amor Urbano” (2004), onde se pode constatar a maturidade criativa de um compositor que funde o jazz, soul e funk dos afro americanos, temperado com as frases e melodias do baião, xote, do samba e por fim aliado ao intimismo da Bossa Nova, elementos que compõem o universo singular da construção harmônica e melódica deste cantor e compositor brasileiro.

CD AMOR URBANO

Ouça as músicas

Show Cena de Cinema

“Cena de Cinema” reúne os elementos mais caros à obra de Zulu de Arrebatá. Transitando por vários gêneros da música brasileira e com um estilo swingado, característico, e de difícil definição, marca inconfundível de Zulu. Este som diferente, com identidade própria, está sempre acompanhado de letras bem construídas, que retiram do cotidiano uma temática urbana, descrevendo cenas do dia a dia do homem comum. Neste cena de cinema, o protagonista dos enredos musicais do compositor é o cidadão comum, com suas desilusões e alegrias, esperanças e vicissitudes, dores e otimismos.
O show tem duração prevista de 60 minutos e está estruturado em formato acústico e intimista de voz e violão, mas pode ser reformatado para execução com acompanhamento de banda (guitarra, baixo, teclado e percussão).